quarta-feira, 27 de abril de 2011

Floresta Negra



De tempos em tempos eu caminho por uma floresta.
Vou por um caminho de barro, areia e carbono.
Por ele descubro buracos e valas abertas pelas chuvas de Outono.

Por esta floresta eu vou durante o obscuro crepúsculo.
Deito num tronco de cara pro céu, cujo já me apresentou a sua lua ardente.
Gradualmente respiro os cheiros das memórias quais já sei de trás pra frente.
Mesmo assim volto a vivê-las repetidamente.
Da mesma forma que folhas caem e brotam novamente.

Cada detalhe dos momentos são lidos e decorados,
da hora que pisei na minha terra amada e querida.
Até eu levantar meus pés num passo que daria início a minha despedida.

É engraçado como existem buracos na minha lembrança.
Crateras formadas pelos dias que passei longe do meu lar.
As pessoas que me presentearam com confiança.
Essas experiências que me deram maturidade.
A terra que me recebeu com carinho e com saudade.
Os beijos e abraços, que sem eles, não saberia amar.

No caminho de volta me defronto com a abstração imensa.
E ao andar procuro não pisar nas ervas da perseverança
que virão a crescer e assim diminuindo nossa distancia.
Sem saudade a separação é como uma chama que queima nossos momentos.
A esperança do reencontro é a única arma contra o tempo.
Que se irmana com a longitude e nos derruba quando estamos desatentos.

Nesses buracos eu chuto terra.
Onde um dia irão se abrir na certa.
Mas não importa porque estarei longe.
Muito mais adiante, quem dera.
Já estarei do outro lado a erguer.
Uma vida bem ao lado da floresta.